Os encantos do Chambre
Do Pico do Fogo, o centro da erupção vulcânica de 21 de Abril de 1761, passando pelo negro do alto da Rocha do Chambre, donde se tem uma vista privilegiada desta parte interior da Ilha, até à Cova do Narião, onde se forma um lindíssimo lago, aquando das primeiras chuvas.
Após a intempérie que se abateu sobre a ilha por altura da caminhada anterior, obrigando que se efectuasse um percurso alternativo, o bom tempo, voltou a acompanhar as incursões dos caminhantes pelo belo interior terceirense.
E nem o tradicional Domingo do Bodo, a par de outras iniciativas, inviabilizaram a presença da centena de participantes, o que diz bem do interesse que esta iniciativa de cariz ambiental e de lazer, tem despertado.
Desta feita, o percurso escolhido foi a Rocha do Chambre, um itinerário com uma extensão entre os oito e nove quilómetros, de fácil deslocamento, onde para além do encanto da dita Rocha, proporciona aos participantes uma paisagem muito rica e diversificada.
O Pico do Fogo, é o local onde se deu a segunda erupção de 1761, quatro dias depois da primeira, que aconteceu na zona dos Mistérios Negros, entre o Pico Gordo e a Serra de Santa Bárbara.
A segunda erupção, deu então origem ao Pico do Fogo, Pico Vermelho e Pico das Caldeirinhas, desenvolvendo-se também segundo os relatos da época, em três correntes de lava, a primeira rumo a oriente, com paragem num local designado de Chama, a segunda dirigiu-se para Ocidente, lançando uma propagação para Norte até ao Tamujal, e a terceira a superior, deslocou-se para Norte, dividindo-se posteriormente em duas, uma das quais estagnou no Vimeiro e a outra foi dar ao Juncalinho, chegando mesmo a invadir os Biscoitos e a destruir algumas casas.
Terminada a sessão fotográfica, o grupo pôs-se em movimento por um trilho largo ladeado por extensa rapa rasteira, penetrando depois num pasto, que foi dar a uma canada ampla e bem definida, antes de se deter posteriormente numa viragem à esquerda para reagrupar, para iniciar então a longa subida até á criação do Chambre e ao marco geodésico, o ponto mais alto da Rocha do Chambre, que dá pelo nome de Juncal.
Aí claro está, foi uma paragem obrigatória para se poder assimilar, com todo o cuidado toda a excepcional panorâmica que o Chambre oferece, devidamente documentada para mais tarde recordar.
Com a alma cheia e a vista lavada de tamanha beleza, o grupo fez-se novamente á vida, pelo pasto passando por uma descida quase a pique, antes de se deter para o merecido almoço, tendo como pano de fundo principalmente, a imponente Rocha do Chambre e o vasto Biscoito da Ferraria, erguendo-se mais à frente, a Serra do Labaçal.
Seguidamente, a coluna encetou de novo a caminhada, ao longo da berma do Chambre, onde através de algumas janelas, era possível ver uma vez mais, o Biscoito da Ferraria e a Rocha, por entre criptomérias altas que davam uma sombra reconfortante e nos protegiam do Sol abafadiço.
Prosseguindo pelo caminho do Narião, até à cova com o mesmo nome, um local lindíssimo e refrescante, que por altura das primeiras chuvas, forma um pequeno Lago aos pés das árvores.
Na recta final do passeio, e antes de entrar no bordo do derrame de 1761, que levou os participantes até à viaturas, por entre um cascalho irregular, que obrigava a alguns cuidados a ter, principalmente com as entorses, foi possível enxergar em plena encosta da Serra de Santa Bárbara, reflectindo o brilho intenso do Sol, o que resta da carcaça, do Avião da Força Aérea que aí caiu.
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