Os fascínios, mistérios e encantos da elevação mais alta da Ilha, a sua arrebatadora caldeira, tão rica e abundante em espécies endémicas, as suas lagoas e vales e a sua importância para a investigação cientifica.
O aparelho vulcânico da Serra de Santa Bárbara, tem aproximadamente cerca de 8 a 9 Km de diâmetro e uma altitude de 1021 m, constituído fundamentalmente por arremesso de pedra-pomes com alternações de lavas andesíticas na base e traquíticas na parte superior.
Na parte superior da Serra abre-se uma caldeira cujo maior diâmetro é na ordem dos 2 a 2,5 Km, que para ser ter uma ideia, é maior do que o Monte Brasil e tem a profundidade actual de 150 m.
A Caldeira, é em parte preenchida por um amontoado de lavas traquíticas, por um relevo formado por alguns vales e com uma diversidade endémica riquíssima, de onde se destaca a abundante floresta Laurisilva e o raríssimo feno festuca jubatae, desaparecido da Europa.
A aragem que soprava do quadrante Sul, ameaçava rapidamente colocar em “pele de galinha”, os mais afoitos e destemidos, que se apresentaram com vestimentas mais leves, mas como o mato tem as suas vicissitudes, uns metros mais á frente, quando se iniciou a descida para a primeira zona húmida, o calor fazia-se sentir de uma forma brusca e inicialmente reconfortante, começando os mais precavidos e cautelosos a aliviar o seu vestuário.
Em plena área húmida, e reagrupado o grupo, iniciou-se então o deslocamento, de uma forma compacta, contornando o grosso do espaço húmido, efectuando uma espécie de meia lua, até se chegar finalmente a um terreno mais seco e de vegetação mais alta, composta maioritariamente por cedro-do-mato, antes de se entrar no Trilho dos Miradouros, de onde através de algumas janelas do alto da rocha basáltica talhada, era possível visualizar uma parte da majestosa Caldeira da Serra, visualizando a cratera antiga o enchimento de uma segunda erupção, e toda a sua beleza envolvente, não passando despercebida bem lá no fundo, a bonita Lagoa Funda.
Continuando a percorrer o referido trilho, agora com uma vegetação mais alta, os caminhantes aproximaram-se rapidamente da descida do Portal, aquela que os levariam até à Caldeira, a um sitio denominado Portal dos Ventos, onde se pode constatar, o porquê desse nome, fazendo-se então uma pausa para reagrupar, oportunidade para se trincar alguma coisa e refrescar de uma forma mais pausada e abundante a goela, porque o calor assim o obrigava.
Reiniciada a caminhada e passados alguns metros, os exploradores tiveram então oportunidade de ver todo o amplo e belo Vale dos Leões, nome que não deixa de ser estranho e como tal desperta a curiosidade, uma vez que o majestoso rei dos animais, não consta destas paragens, então de onde veio tal nome? a resposta está nos abundantes tufos arredondados dispersos pelo Vale, que se assemelham ás jubas do imponente felino.
Um pouco mais á frente, chegou-se então à Lagoa Negra, ou o que resta dela, já que a água não é visível, restando apenas a húmidade e a erva deitada disciplinadamente, como que cuidadosamente penteada.
Foi o local bem escolhido para o almoço, devido à amplitude do Vale, onde era possível observar cá de baixo, a imponência da rocha negra que circundava todo o vale, uma imagem única de uma beleza impar.
Com a barriguinha reconfortada, as energias acumuladas desapareceram num ápice, após a subida íngreme e longa que levou a coluna até ao Canadão, de onde foi tirada a foto do grupo.
Esta zona do Canadão, é igualmente riquíssima de um feno chamando cientificamente de festuca jubatae, outroa abundante na Europa, mas que com a era glaciar, desapareceu por completo, encontrando-se apenas nos Açores, daí que seja frequente a vinda de estudantes universitário europeus, na área da Biologia a esta local, para estudar este tipo de feno único no Hemisfério Norte.
Posteriormente, deu-se a aproximação à nascente da Caldeirinha, onde a água jorra fresca e cristalina, e que a alguns metros dali, era visível as marcas deixadas pela maquinaria, na tentativa que não resultou, de se retirar água para abastecer algumas freguesias, carenciadas deste precioso líquido.
Subindo mais um pouco, e passando novamente por uma área mais húmida, ergue-se uma pequena clareira, surgindo a um canto a Lagoa do Pinheiro também conhecida por Lagoa Alta, em virtude de ser a mais elevada da Ilha Terceira, encontrando-se entre os 900 e 1000 m de altitude.
Caminhava-se para o final do passeio, com passagem pela Vereda Alta no bordo cimeiro da Serra, de onde era possível ver outra área da Caldeira, em que se destacava a Lagoa Negra, onde os caminhantes haviam almoçado.
Com as antenas bem á vista, numa ápice, a coluna as alcançou, terminando da melhor forma um passeio, que certamente perdurará na memória, de todos quantos tiveram o grato privilégio de participar.
1 comentário:
as fotos estão o maximo
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