quarta-feira, 11 de junho de 2008

5º PASSEIO PEDESTRE DOS MONTANHEIROS SERRA DE SANTA BÁRBARA (2008)

Um manto de riqueza endémica


Os fascínios, mistérios e encantos da elevação mais alta da Ilha, a sua arrebatadora caldeira, tão rica e abundante em espécies endémicas, as suas lagoas e vales e a sua importância para a investigação cientifica.

A Serra de Santa Bárbara, é ponto mais elevado da Terceira, e um dos 4 aparelhos vulcânicos principais que constituem a Ilha.
O aparelho vulcânico da Serra de Santa Bárbara, tem aproximadamente cerca de 8 a 9 Km de diâmetro e uma altitude de 1021 m, constituído fundamentalmente por arremesso de pedra-pomes com alternações de lavas andesíticas na base e traquíticas na parte superior.
Na parte superior da Serra abre-se uma caldeira cujo maior diâmetro é na ordem dos 2 a 2,5 Km, que para ser ter uma ideia, é maior do que o Monte Brasil e tem a profundidade actual de 150 m.

A Caldeira, é em parte preenchida por um amontoado de lavas traquíticas, por um relevo formado por alguns vales e com uma diversidade endémica riq
uíssima, de onde se destaca a abundante floresta Laurisilva e o raríssimo feno festuca jubatae, desaparecido da Europa.

A Viagem

Uma vez reunido todo o grupo na zona das antenas, no briefing que antecede todas as caminhadas, o guia Paulo Mendonça, deu a conhecer de uma forma resumida mas explícita, o tipo de percurso que se iria efectuar e cuidados a ter com a segurança e com o meio ambiente, uma vez que a caminhada mais ou menos longa, se iria desenrolar por uma zona muito sensível, começando e terminando por uma área húmida designada de “lava pés”.
A aragem que soprava do quadrante Sul, ameaçava rapidamente colocar em “pele de galinha”, os mais afoitos e destemidos, que se aprese
ntaram com vestimentas mais leves, mas como o mato tem as suas vicissitudes, uns metros mais á frente, quando se iniciou a descida para a primeira zona húmida, o calor fazia-se sentir de uma forma brusca e inicialmente reconfortante, começando os mais precavidos e cautelosos a aliviar o seu vestuário.
Em plena área húmida, e reagrupado o grupo, iniciou-se então o deslocamento, de uma forma compacta, contornando o grosso do espaço húmido, efectuando uma espécie de meia lua, até se chegar finalmente a um terreno mais seco e de vegetação mais alta, composta maiorit
ariamente por cedro-do-mato, antes de se entrar no Trilho dos Miradouros, de onde através de algumas janelas do alto da rocha basáltica talhada, era possível visualizar uma parte da majestosa Caldeira da Serra, visualizando a cratera antiga o enchimento de uma segunda erupção, e toda a sua beleza envolvente, não passando despercebida bem lá no fundo, a bonita Lagoa Funda.
Continuando a percorrer o referido trilho, agora com uma vegetação mais alta, os caminhantes aproximaram-se rapidamente da descida do Portal, aquela que os levariam até à Caldeira, a um sitio denominado Portal dos Ventos, onde se pode constatar, o porquê desse nome, fazendo-se então uma pausa para reagrupar, oportunidade para se trincar alguma coisa e refrescar de u
ma forma mais pausada e abundante a goela, porque o calor assim o obrigava.
Reiniciada a caminhada e passados alguns metros, os exploradores tiveram então oportunidade de ver todo o amplo e belo Vale dos Leões, nome que não deixa de ser estranho e como tal desperta a curiosidade, uma vez que o majestoso rei dos animais, não consta d
estas paragens, então de onde veio tal nome? a resposta está nos abundantes tufos arredondados dispersos pelo Vale, que se assemelham ás jubas do imponente felino.
Um pouco mais á frente, chegou-se então à Lagoa Negra, ou o que resta dela, já que a água não é visível, restando apenas a húmidade e a erva deitada di
sciplinadamente, como que cuidadosamente penteada.
Foi o local bem escolhido para o almoço, devido à amplitude do Vale, onde era possível observar cá de baixo, a imponência da rocha negra que circundava todo o vale, uma imagem única de uma be
leza impar.
Com a barriguinha rec
onfortada, as energias acumuladas desapareceram num ápice, após a subida íngreme e longa que levou a coluna até ao Canadão, de onde foi tirada a foto do grupo.

Da criação de porcos ao estudo cientifico

Nesta parte da Serra chamada Canadão, era usual até pelo menos ao início dos anos oitenta, a criação de porcos, que aí eram deixados, alimentando-se da erva e da água abundante.
Esta zona do Canadão, é ig
ualmente riquíssima de um feno chamando cientificamente de festuca jubatae, outroa abundante na Europa, mas que com a era glaciar, desapareceu por completo, encontrando-se apenas nos Açores, daí que seja frequente a vinda de estudantes universitário europeus, na área da Biologia a esta local, para estudar este tipo de feno único no Hemisfério Norte.
Posteriormente, deu-se a aproximação à nascente da Caldeirinha, on
de a água jorra fresca e cristalina, e que a alguns metros dali, era visível as marcas deixadas pela maquinaria, na tentativa que não resultou, de se retirar água para abastecer algumas freguesias, carenciadas deste precioso líquido.
Subindo mais um pouco, e passando novamente por uma área mais húmida, ergue-se uma pequena clareira, surgindo a um canto a Lagoa do
Pinheiro também conhecida por Lagoa Alta, e
m virtude de ser a mais elevada da Ilha Terceira, encontrando-se entre os 900 e 1000 m de altitude.
Caminhava-se para o fin
al do passeio, com passagem pela Vereda Alta no bordo cimeiro da Serra, de onde era possível ver outra área da Caldeira, em que se destacava a Lagoa Negra, onde os caminhantes haviam almoçado.
Com as antenas bem á v
ista, numa ápice, a coluna as alcançou, terminando da melhor forma um passeio, que certamente perdurará na memória, de todos quantos tiveram o grato privilégio de participar.