terça-feira, 18 de novembro de 2008

RUMOS CAMPESTRES 2008

Às voltas com a intempérie

Emergindo do nevoeiro, o General Inverno fez a sua aparição, obrigando os seus subordinados a orientarem-se rumo aos objectivos, por entre condições climatéricas desfavoráveis.

Realizou-se ao início da tarde do passado Sábado dia 15, na bonita área envolvente da Lagoa do Negro e dos Mistérios Negros, mais uma edição da prova RUMOS CAMPESTRES 2008, promovida pelos "Montanheiros", Câmara Municipal de Angra do Heroísmo e pela Culturangra.
A concentração deu-se por volta das 13:30 horas, no secretariado montado na Casa de Abrigo da Gruta do Natal,
para levantamento dos cartões de controle e eventuais inscrições dos mais retardatários, seguindo-se depois o briefing de apresentação da prova, arrancando o primeiro concorrente às 14:00 horas.
Perante condições climatéricas adversas, onde o vento, o nevoeiro e a chuva marcaram presença, decididamente condicionados por esse factor, acabaram por ser um número reduzido de atletas que compareceram na linha de partida, havendo mesmo quem desistisse em cima da hora.
Todavia, há hora marcada os resistentes, lá foram saindo com intervalos de dois minutos, primeiro os concorrentes individuais e por fim os que participaram em equipa.

Logo à partida, uma fortíssima chuvada se abateu em toda a extensão da Lagoa do negro e dos Mistérios Negros, deixando os participantes encharcados quem nem uns pintainhos. A chuva fria escorria abundantemente pelas faces quentes dos atletas, aumentado o peso da roupa e dificultando mais um pouco os movimentos, com especial destaque para a malta que usava óculos, pois a chuva e o calor do rosto deixavam os mesmos com um mistos de água e de embaciamento, dificultando a visão, e a solução a espaços, era mesmo olhar por cima do precioso auxiliar do olho.
Mas, decididos em levar a prova até o fim, lá prosseguiram por entre pastos e montes, picos e elevações, com uma grande dose de encharcamento ( e ainda há quem diga que não existe água) saltando paredes e arames farpados, onde por vezes as silvas teimavam em os segurar, na procura incessante dos pontos de referência no terreno.

Apesar da meteorologia desfavorável, todos os concorrentes lograram alcançar os objectivos, e no final mesmo alagadiços a satisfação era a nota dominante, porque esta prova de orientação
desenvolvida na natureza, ainda por cima com o tempo que se fazia sentir, aumentando significativamente as dificuldades é deveras aliciante, porque consegue aguçar os níveis de adrenalina, e o espírito de aventura de quem normalmente procura este tipo de provas.
Esta prova denominada RUMOS CAMPESTRES, foi disputada numa área de aproximadamente quatro quilómetros quadrados, com um figurino diferente do ano anterior, com apenas cinco pontos no terreno, iguais para todos os escalões, escolhidos pelos participantes de forma arbitrária, tendo apenas de corresponder ao n
úmero inscrito na carta, e ao localizado no mapa..

Classificações:

Individuais Femininos

1º - Carla Costa 76M50S

Individuais masculinos:

1º- Daniel Costa 78M0S

2º- Vítor Costa 79M50S

3º- Pedro Bartolomeu 75M10S *

* (penalizado em 30 M)

Equipas:

1º- Samuel Pires / Mário Corvelo 40M30S

2º Pedro Cardoso / Clara Gaspar 71M40S


quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Encerramento dos passeios pedestres 2008

Um êxito retumbante

Para trás ficaram dez passeios que, fizeram as delícias de todos quantos tiveram o privilégio de participar, nesta iniciativa de cariz ambiental, que alberga também aspectos históricos, espírito de aventura, e o salutar convívio de braço dado com a natureza.

Daniel Costa

Chegou ao fim, mais uma temporada dos passeios pedestres, organizados pela Sociedade de Exploração Espeleológica “Os Montanheiros”, em colaboração com a Câmara Municipal de Angra do Heroísmo. No corrente ano, realizaram-se uma dezena de caminhadas, com início no mês da revolução dos cravos e terminando no último fim de semana de Outubro. Para trás, ficaram dez passeios memoráveis, onde foi bem evidente a crescente afluência de pedestrianistas a esta iniciativa, o que diz bem da importância do evento, pelos mais variadas aspectos, desde o espírito de aventura que alguns percursos mais arrojados permitem, passando pela componente histórica de outros, até á magnifica flora, com destaque para a vegetação Laurissilva, não esquecendo o negro da rocha basáltica, do vidro basáltico, conhecido por Obsidiana, da pedra Pomes a única que flutua, do verde das nossas pastagens, com os seus vales e ribeiras, das imponentes rochas escarpadas banhadas pelo azul do oceano Atlântico. Como sempre “Os Montanheiros”, preparam e planificam um programa de caminhadas equilibrado, promovendo diversos relevos e vertentes, tendo o cuidado de diversificar os mesmos, não esquecendo no entanto a inclusão da mítica Caldeira da Serra de Santa Bárbara, e aquele que é considerado por muitos, o ex-libris do pedestrianismo, o único e espectacular Morro Assombrado, dois passeios inevitáveis, que são um marco nestas andanças e os mais procurados, tanto pelos veteranos que, nunca se cansam de os visitar e procuram sempre que possível repeti-los, o maior numero de vezes possível, quer pelos novatos que, com o bico doce dos comentários abonatórios, procuram não faltar à chamada. Abril abriu a temporada, com a ida ao Pico da Lagoinha, situado na freguesia da Serreta, passeio que contou com uma grande aderência, bem como condições climatéricas soberbas, proporcionando grande visibilidade, factor determinante neste passeio, em virtude das boas paisagens que o mesmo proporciona. Posteriormente, veio a Terra Brava, um passeio lindíssimo marcado por algum, espírito de aventura, em virtude do seu traçado irregular e bravio, composto de vegetação endémica virgem. O tempo adverso marcou o 3º passeio, obrigando os organizadores a recorrem à Fajã da Serreta, um local diferente, situado no litoral e marcado pela história da fonte da água azeda. Com o quarto veio a imponência e beleza da Rocha do Chambre. Reservando a exploração numero cinco, a mítica Caldeira da Serra de Santa Bárbara, caminhada que fica sempre na memória, devido aos encantos, mistérios e fascínios da elevação mais alta da Ilha. A meia dúzia, conduziu a coluna até ao Pico Agudo e Pico Alto, um passeio que fica registado pela abrangência excepcional da paisagem que os referidos Picos oferecem. Setembro trouxe-nos a Vereda Velha, um trilho utilizado pelos habitantes do lado norte da ilha, para as suas incursões ao Canadão da Caldeira da Serra de Santa Bárbara. Mistérios Negros, foi o itinerário da antepenúltima caminhada, com passagem pelos Domas de lava negra rugosos, resultantes da erupção histórica de 1761. O penúltimo passeio teve como destino, o ex-libris dos passeio pedestres, o “Morro Assombrado”, marcado por labirintos de grandes fendas que rasgam a terra. Terminando a temporada com a deslocação à “Passagem das Bestas”, localidade utilizada durante mais de trezentos anos, nos transporte de lenha em carros de bois, entre a Caldeira Guilherme Moniz e Angra. O habitual convívio de encerramento, teve lugar no Algar de Carvão, mais propriamente junto da casa de apoio, local onde os grelhadores trabalhavam afincadamente, para estancar o apetite, espalhando lenta mas eficazmente, o cheiro das bifanas, do entrecosto e do frango, aguçando o apetite dos caminhantes que, chegavam a conta gotas. Concluída a confecção do repasto, deu-se início então á parte da degustação, através de um menu rico e diversificado. As excelentes condições climatéricas também ajudaram, permitindo que os participantes se sentassem e aconchegassem, estrategicamente em cima das dispersas rochas basálticas que por ali existem, transmitindo através da diversidade de tons das roupas, um bonito colorido perante o verde dominante do mato, fazendo lembrar um presépio antecipado. Claro está que este momento, serviu para a amena cavaqueira, sobre os mais variados domínios, mas sempre com a beleza no nosso interior na ordem do dia. Foi um dia diferente, bem passado encerrando da melhor forma o plano de caminhadas de 2008. Agora que venha rapidamente 2009, um ano que em principio colocará algumas reservas no que ao pedestrianismo diz respeito, em função do novo diploma Regional que cria o Parque Natural da Ilha Terceira. Com efeito, a quando a caminhada ao Pico Agudo e Pico Alto, o presidente da Associação “Os Montanheiros”, surpreendeu os presentes, informando que em 2009 os passeios iriam ser suspensos, porque segundo esclareceu na altura “em consequência do novo diploma Regional que cria o Parque Natural da Ilha Terceira, deverão ser levantadas restrições ao acesso a determinadas áreas reclassificadas ao abrigo da nova legislação. Em face disso, a fim de evitar qualquer tipo de atrito ou atropelos às competências da Comissão de Gestão do futuro Parque, decidiu a associação desde já tornar público que irá suspender a organização dos tradicionais passeios, até que possa ser acordado forma de os retomar, num formato aceite por todos”. Todavia, a situação evolui favoravelmente, o que levou o líder dos “Montanheiros” a informar recentemente, que os passeio serão uma realidade em 2009, embora possivelmente com algumas alterações, entre as quais a redução do numero da caminhadas, passando das actuais duas por mês, para apenas uma. Seja qual for o critério e modelo adoptado, o importante é dar continuidade aos passeios como tudo indica que sim, uma vez que o nosso rico e belo meio ambiente, é cada vez mais respeitado e procurado pelos locais e não só, e se existe forma de os visitar é certamente através do formato adoptado pelos “Montanheiros” entidade que ao longo dos anos tem organizado e realizados estas caminhadas, preparando-as ao mais pequeno pormenor, desde os cuidados a ter com o impacto ambiental até à segurança, porque não faz sentido possuir tamanha riqueza se não se pode desfrutar dela.