sexta-feira, 23 de maio de 2008

4º PASSEIO PEDESTRE DOS MONTANHEIROS ROCHA DO CHAMBRE (2008)

Os encantos do Chambre

Do Pico do Fogo, o centro da erupção vulcânica de 21 de Abril de 1761, passando pelo negro do alto da Rocha do Chambre, donde se tem uma vista privilegiada desta parte interior da Ilha, até à Cova do Narião, onde se forma um lindíssimo lago, aquando das primeiras chuvas.

Após a intempérie que se abateu sobre a ilha por altura da caminhada anterior, obrigando que se efectuasse um percurso alternativo, o bom tempo, voltou a acompanhar as incursões dos caminhantes pelo belo interior terceirense.
E nem o
tradicional Domingo do Bodo, a par de outras iniciativas, inviabilizaram a presença da centena de participantes, o que diz bem do interesse que esta iniciativa de cariz ambiental e de lazer, tem despertado.
Desta feita
, o percurso escolhido foi a Rocha do Chambre, um itinerário com uma extensão entre os oito e nove quilómetros, de fácil deslocamento, onde para além do encanto da dita Rocha, proporciona aos participantes uma paisagem muito rica e diversificada.

A erupção de 1761

Após o briefing de apresentação do percurso, iniciou-se então o deslocamento pela zona da Malha Grande, até ao que resta do Pico do Fogo, em função da extracção de bagacina a que foi sujeito durante algum tempo, e do aproveitamento que daí adveio para a prática de desportos motorizados. O sitio escolhido para o tradicional retrato de grupo.
O Pico do Fogo, é o loc
al onde se deu a segunda erupção de 1761, quatro dias depois da primeira, que aconteceu na zona dos Mistérios Negros, entre o Pico Gordo e a Serra de Santa Bárbara.
A segunda erupção, deu então origem ao Pico do Fogo, Pico Vermelho e Pico das
Caldeirinhas, desenvolvendo-se também segundo os relatos da época, em três correntes de lava, a primeira rumo a oriente, com paragem num local designado de Chama, a segunda dirigiu-se para Ocidente, lançando uma propagação para Norte até ao Tamujal, e a terceira a superior, deslocou-se para Norte, dividindo-se posteriormente em duas, uma das quais estagnou no Vimeiro e a outra foi dar ao Juncalinho, chegando mesmo a invadir os Biscoitos e a destruir algumas casas.
Terminada a sessão fotográfica, o grupo pôs-se em movimento por um trilho largo ladeado
por extensa rapa rasteira, penetrando depois num pasto, que foi dar a uma canada ampla e bem definida, antes de se deter posteriormente numa viragem à esquerda para reagrupar, para iniciar então a longa subida até á criação do Chambre e ao marco geodésico, o ponto mais alto da Rocha do Chambre, que dá pelo nome de Juncal.
Aí claro está, foi uma paragem obrigatória para se poder assimilar, com todo o cuidado toda a excepcion
al panorâmica que o Chambre oferece, devidamente documentada para mais tarde recordar.

Paisagem encantadora

Do seu alto, pode-se ver um riquíssimo património natural, desde as áreas protegidas da Serra de Santa Bárbara, e do Biscoito da Ferraria, passando pela Serra do Labaçal onde está inserido o belo Morro Assombrado, o Biscoito Rachado e os Picos Agudo, Alto, do Tamujo das Pardelas, a Terra Brava, e em dias de boa visibilidade, também é possível visualizar a Ilha Graciosa.
Com a alma cheia e a vista lavada de tamanha beleza, o grupo fez-se novamente á
vida, pelo pasto passando por uma descida quase a pique, antes de se deter para o merecido almoço, tendo como pano de fundo principalmente, a imponente Rocha do Chambre e o vasto Biscoito da Ferraria, erguendo-se mais à frente, a Serra do Labaçal.
Seguidamente, a coluna encetou de novo a caminhada, ao long
o da berma do Chambre, onde através de algumas janelas, era possível ver uma vez mais, o Biscoito da Ferraria e a Rocha, por entre criptomérias altas que davam uma sombra reconfortante e nos protegiam do Sol abafadiço.
Prosseguindo pelo caminho do Narião, até à cova com o mesmo nome, um local lindíssimo e refrescante, que por altura das primeiras
chuvas, forma um pequeno Lago aos pés das árvores.
Na recta final do passeio, e antes de entrar no bordo d
o derrame de 1761, que levou os participantes até à viaturas, por entre um cascalho irregular, que obrigava a alguns cuidados a ter, principalmente com as entorses, foi possível enxergar em plena encosta da Serra de Santa Bárbara, reflectindo o brilho intenso do Sol, o que resta da carcaça, do Avião da Força Aérea que aí caiu.


sexta-feira, 16 de maio de 2008

3º PASSEIO PEDESTRE DOS MONTANHEIROS FAJÃ DA SERRETA (2008)






Da imponente ponta do Queimado até á Fajã





Contornar a ponta do Queimado, visualizando do alto da sua rocha basáltica talhada a prumo, as suas baias, por entre antigas curraletas de vinha, até á Fajã, onde outrora, existia a famosa fonte da água azeda







Com o percurso inicialmente traçado (Serra de Sta. Bárbara) por razões óbvias fora do baralho, a opção recaiu pela Fajã da Serreta, em virtude de ser o local em principio com melhores condições climatéricas.
A caravana seguiu rumo ao Pico da Bagacina, onde apesar das condições adversas, com a precipitação a cair a toque do vento, que soprava de sueste, era possível vislumbrar a muito custo por entre o cerrado nevoeiro, barbudo, como lhe chamam as gentes do mato, algumas viaturas, que indiferentes à intempérie, aguardavam pacientemente, pela caravana que havia partido de Angra.

Fazendo-se à estrada, a caravana dirigiu-se até á Mata da Serreta onde se constatou que o tempo realmente naquela zona à excepção do vento forte, reunia as condições necessárias para mais esta jornada de cariz ambiental.

A Serreta, é a freguesia da Ilha Terceira, que se situa a maior altitude do nível do mar, e devido á pequena Serra que lhe fica sobranceira, é uma das mais húmidas, onde
se acumulam espessos nevoeiros.

A Lenda

A origem do culto do povo a Nossa Senhora dos Milagres, está ligado a uma lenda, que refere que em finais do século XVI, um velho padre descontente com procedimentos da sociedade humana, ali se isolou, junto da rocha, para dirigir as suas preces a Deus.
Ali ergueu com as próprias mãos uma pequena capelinha, colocando aí a imagem da virgem que o acompanhava, em agradecimento “do milagre de o defender do perigo”.
Em pouco tempo, ficaram conhecidas em toda a ilha, as virtudes do padre, começando então a afluir o povo, não só por razões religiosas, como também por admirarem o dom do referido sacerdote.
Dep
ois da sua morte, outra se ergueu em local diferente, mas por não reunir as condições mínimas foi encerrada, e a imagem foi deslocada para a igreja de São Jorge das Doze Ribeiras, onde aí permaneceu durante anos.
Em 1762, Em virtude da posição portuguesa, no conflito que opunha a coligação francesa e espanhola contra a Inglaterra, foi ordenada a defesa da costa da Ilha, os nomeados para tal tarefa, ao chegarem às Doze Ribeiras e como religiosos que eram, perante a imagem de Nossa Senhora dos Milagres, efectuaram um voto, designado “voto dos escravos”, no sentido de se tornarem seus escravos e efectuarem uma festa anual, caso a ilha não fosse atacada pelo inimigo. Como assim sucedeu, foi cumprida a promessa da “Irmandade dos Escravos”.
A c
aminhada, iniciou-se junto à mata da Serreta, de um forma descendente, por entre trilhos apertados e escorregadios, bem como canadas mais espaçosas, onde a vegetação á base do eucalipto tão abundante naquela zona, deixava transparecer a sua fragrância inconfundível.
Terminado esta primeira fase do percurso mais selectivo, o grupo deparou-se com algumas descidas, com um grau de inclinação elevado, que aliado ás muitas folhas e galhos apodrecidos no solo, dispensavam cuidados redobrados, que no entanto não foram os suficientes para evitar algumas quedas, mas sem consequências.
Era o início do contorno da Ponta do Queimado, onde o deslocamento se fez por todo o bordo deste derrame, proporcionado uma visão ímpar, primeiro da baía grande da Serreta, e depois da pequena, ressaltado á vista a imponente rocha no negro bas
alto, polida aprumadamente, devido à erosão do mar revolto, que costuma agitar aquela zona durante séculos.

A Fajã

Toda esta área agreste, em tempos eram curraletas de vinha, onde também existiam figueiras, sendo possível ainda visualizar aqui e ali alguns ramos, que espreitam timidamente, por entre a vegetação que as amordaça. Até que se chegou finalmente junto da Fajã da Serreta.
Esta Fajã, que vai da mata até junto ao mar, inicialmente era conhecida por Fajã de Duarte Gomes Serrão, por ser inteiramente sua, e onde existiam para além de vária
s culturas, alguns pomares e vinha.
Situada na parte inferior da rocha, que limita a freguesia da Serreta, foi descoberta oficialm
ente em 1855, uma fonte de água, denominada fonte da água azeda, que todavia, segundo consta a mesma já era do conhecimento dos habitantes da freguesia.
Haviam alguns moradores locais, que ganhavam alguns cobres que algumas pessoas da cidade lhes pagavam, para recolher o precioso líquido.
Segundo o relato do francês F. Fouquêt que em 1867 veio à Terceira estudar uma erupção ocorrida no mar naquela zona, e que terá estudado a nascente, era possível penetrar na fenda até cerca de seis metros, onde por vezes haveria uma conce
ntração elevada de ácido carbónico que se tornava perigoso, e que segundo Fouquêt, seis anos antes, tinham falecido asfixiados três habitantes locais, após se terem aventurado na respectiva fenda.
Na recta final, passagem pela Ribeira da Lapa, em direcção ás cancelinhas, com rumo ao ponto de partida.
Estas incursões pelo interior e litoral da Ilha, dando a conhecer e tomando contacto directo com a fauna e flora local, é um direito de todos, quantos respeitam e amam a natureza, aquilo que de melhor temos para oferecer, mas também uma grande responsabilidade, já que existe o dever de preservar, respeitar
e defender este património único.
Neste contexto, estas cam
inhadas exemplarmente organizadas ao mais infinito pormenor, por uma entidade que já leva 44 anos de intensa actividade ao nível da exploração, e defesa intransigente do nosso património natural, tem sido reconhecidamente um êxito em toda a linha, não só ao nível dos cuidados logísticos e de segurança, mas sobretudo, ao nível da sensibilização, defesa e cuidados a ter com o meio que nos rodeia, não faltando os necessários esclarecimentos.
Bem haja
m!

2º PASSEIO PEDESTRE DOS MONTANHEIROS "TERRA BRAVA" (2008)





A natureza no seu mais puro estado selvagem







O núcleo da Terra Brava é o lugar mais intacto e selvagem da Ilha, é composto por uma vegetação endémica riquíssima, que fez as delícias dos participantes.

A Terra Brava é o lugar mais intacto da Terceira e provavelmente dos Açores, devido às dificuldades do seu acesso. É uma floresta de vegetação endémica, com uma área de aproximadamente 6Km2, e faz parte do Maciço do Pico Alto.A Terra Brava, è constituída por vários picos e por uma vegetação riquíssima, que brota do terreno vegetal que a sustenta, podendo lá se encontrar, entre outros, Cedro-do Mato, Louro, Pau Branco, Azevinho, Rapa, vários musgos de diferentes tamanhos e tonalidades, bem como diversos fetos.O seu núcleo é composto por uma floresta bastante densa e primitiva, de difícil orientação, apresentando um relevo irregular, bravio, anárquico, assustador até e confuso, com declives às vezes a pique, fendas profundas, algumas das quais formam autênticos labirintos. Certamente por estas razões, esta parte virgem de vegetação endémica riquíssima, escapou ao castigo da mão arrasadora humana, mantendo teimosamente a sua flora primitiva.As condições climatéricas favoráveis, após mais uma semana irregular, voltaram a favorecer mais esta caminhada, proporcionando aos 102 participantes que respeitam, adoram e sabem dar o real valor ao que de mais genuíno e belo que temos para oferecer, mais um passeio inesquecível.Uma vez imobilizadas as viaturas, perto das Lagoinhas, o grupo reuniu-se para o briefing da praxe, onde o tema principal foi dar a conhecer as características do terreno por onde se iria caminhar, com especial atenção para os cuidados a ter quando se penetrasse em plena Terra Brava, onde a irregularidade do terreno exigia atenções redobradas.

Vered
a do Avião

Depois, a coluna pôs-se em movimento, “atacando” a primeira fase do percurso, um traçado fácil, descendo a canada que dá acesso às Lagoinhas, virando posteriormente à direita e subindo em pleno pa
sto em direcção à Vereda do Avião. As primeiras dificuldades e mesmo algumas quedas, verificaram-se na parte final do referido pasto, por força de pequenos charcos camuflados pelo erva, que se abatiam por baixo dos pés, que inclusivamente “pediram emprestado” o sapato de alguém.Uma vez reagrupado o grupo, e o stress mais aliviado pelas gargalhadas e boa disposição que estes pequenos contratempos oferecem e são mesmo indispensáveis, fazem parte das caminhadas e tocam a todos, iniciou-se então a subida pela Vereda do Avião, nome dado a este trilho devido à queda de um avião colombiano.Na subida pelo referido trilho bem definido, começaram os contactos com a vegetação endémica, chegando-se rapidamente ao alto do trilho, que nos proporciona, um campo de visão soberbo, de onde é possível visualizar, o Pico Agudo à esquerda, o Pico Alto ao centro, mais à direita o Pico do Boi, e mais ao fundo a Serra do Cume. Momento obrigatório para colocar as fotos em dia, antes da descida até a um pasto baldio, onde igualmente com uma paisagem interessante, era visível toda a zona envolvente do Cabrito.Uma vez o grupo reunido no baldio, foi transmitida a mensagem para que se fizesse o menor ruído possível, em virtude do pasto ser frequentemente utilizado pelo gado bravo, mas que desta feita lá não se encontrava, prosseguindo os “exploradores” por pleno pasto até á zona da subida para a tão desejosa Terra Brava.

A Terra brava

Logo no início, ficou bem patente o porquê do nome, com um acesso de alguma dificuldade onde o relevo desordenado obrigava a cuidados redobrados para evitar os “escorreganços”.Após a subida, a coluna iniciou o deslocamento em plena Terra Brava, tomando conhecimento com a pureza da sua vegetação, onde se pode encontrar os maiores exemplares de azevinhos da Ilha, uma beleza tamanha que fazia esquecer as pequenas dificuldades do traçado, que obrigava a uma marcha lenta, obrigando a coluna a imobilizar-se algumas vezes para reagrupar, não só por esse facto, mas também, devido ás enumeras fotos, porque momentos destes, podem ser únicos e há que regista-los.
Feita a sempre apetecível pausa para o almoço, que para além de reconfortar o estômago, serve igualm
ente para repor novas energias, e também para a sempre importante componente social, prosseguiu-se, por entre a cerrada vegetação, e a irregularidade do solo, ladeadas a espaços por rochas cobertas de um lindíssimo musgo, de várias tonalidade onde os verdes e os rubros se destacavam.
Já na parte final, uma descida acentuada, que fez os seus estragos, mas nada que não esteja sempre dentro do esperado e normal desenvolvimento das caminhadas e do
seu espírito. Na etapa final apareceram os primeiros exemplares intrometidos de vegetação exótica, onde a Jarroca, ordenava, antes de se entrar numa zona de pequenas Criptomérias com as viaturas á vista. uma vez junto das carros, e relançado um último olhar sobre a Terra Brava de onde se acabava de sair, a saudade já começava a fazer-se sentir. Agora é tempo de desfrutar de tudo aquilo que este passeio nos transmitiu e aguardar pelo próximo.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

1º PASSEIO PEDESTRE DOS MONTANHEIROS (PICO DA LAGOÍNHA/PICO NEGRÃO) (2008)


Lagoa fantástica paisagem deslumbrante

Teve início da melhor forma a nova temporada dos passeios pedestres, com o sol a contribuir decididamente para o sucesso da iniciativa, ao permitir grande visibilidade.

São Pedro foi amigo, generoso até, e, após uma série de dias onde o tempo instável e a precipitação dominaram, decidiu abrir as portas de par em par para assoalhar a ilha e, deste modo, contribuir da melhor forma para o sucesso do primeiro Passeio Pedestre de 2008, organizado pela Sociedade de Exploração Espeleológica os Montanheiros, em colaboração com a Câmara Municipal de Angra do Heroísmo.O dia amanheceu soalheiro, dando um bonito colorido à histórica Baía da cidade açoriana Património Mundial. Junto à sede dos Montanheiros, registava-se a azáfama e o frenesim matinal das inscrições para o primeiro passeio da época. Momento sobremaneira aguardado por muitos, que serviu igualmente para restabelecer contactos interrompidos, isto ao nível dos mais veteranos nestas andanças, e o estabelecer de novas amizades com os “caloiros”.Confirmando o interesse crescente da população local, e não só, por esta iniciativa, basta dizer que o sucesso do ano anterior, onde se bateu o recorde de participantes, ameaça ser superado, e por larga vantagem. Isto a confirmar-se, no futuro, a tendência deste primeiro passeio que ultrapassou a centena de participantes. Mais precisamente foram 111 os amantes da natureza que iniciaram esta primeira caminhada. Fazendo-se à estrada, a caravana deteve-se, como sempre, na zona do Pico da Bagacina para reagrupar, e lá seguiu pela estrada das Doze, rumo à freguesia da Serreta, com destino ao Pico da Lagoínha.Uma vez estacionadas as viaturas, procedeu-se ao briefing da praxe, que, para além de dar as boas-vindas a todos neste início de caminhadas, serviu também para elucidar os novatos sobre o contexto dos percursos e, finalmente, tecer algumas considerações sobre o itinerário que se iria fazer em particular.Finda a breve palestra dos guias, aconchegou-se as mochilas, ajeitou-se os bonés e iniciou-se, então, a esperada marcha rumo ao Pico da Lagoínha, um percurso feito todo a subir rumo ao objectivo traçado.BELEZAA Lagoínha situa-se a uma altitude de cerca dos 786 metros, é parte integrante do maciço da Serra de Santa Bárbara, posicionando-se no lado norte da referida serra.Esta lagoa fica numa zona de chuvas abundantes, mas sazonais, com maior incidência no Inverno, e é das poucas que consegue manter, mais ou menos, o nível de água ao longo de todo o ano.É uma lagoa de reduzidas dimensões, ladeada por grande quantidade de turfeiras, mas de uma generosidade e beleza ímpares, o que faz a delícia de todos quantos (e felizmente são cada vez mais) respeitam e admiram a natureza no seu estado mais puro.Esta lagoa é uma espécie de cereja no topo do bolo, mas toda a envolvência onde está inserida é magnífica e única, já que, uns metros mais acima, e tirando partido de um miradouro, é possível desfrutar de uma vista esplendorosa.Aliás, reunindo as condições climatéricas ideais, tais como as verificadas no passeio em questão, onde a visibilidade era grande, é possível visualizar, emergidas no meio da imensidão do azul do Atlântico, as ilhas da Graciosa, São Jorge e Pico, numa paisagem riquíssima, o que fez as delícias dos menos familiarizados com estes torrões de lava plantados no meio do vasto oceano, que não se cansaram de elogiar tamanha beleza, devidamente documentada pelas objectivas das suas câmaras. Claro está, para mais tarde recordar e, com certeza, dar a conhecer aos familiares, amigos e conhecidos aquilo que de melhor temos para oferecer.Este contraste entre o azul do mar e o verde da terra é, de facto, maravilhoso e traduz uma sensação de tranquilidade, paz e liberdade única. Indiscutivelmente, uma imagem de marca dos Açores. Na primeira fase do percurso, o mesmo desenrolou-se por entre trilhos mais fechados e canadas mais espaçosas, ladeados, a espaços, por uma maior concentração de faias, passando-se por zonas mistas de floresta exótica e laurissilva, em que, por vezes, o cedro-do-mato também predominava.A subida final deu-se por um trilho onde escorria um fio de água, o que obrigava a cuidados redobrados, uma vez que o piso se tornava mais escorregadio e, consequentemente, propício a algumas quedas.No caminho de regresso, o destaque vai para o Pico Negrão e, sobretudo, para a Ribeira do Além, a mais profunda da ilha Terceira, o que despertou a curiosidade e o encanto de todos. O primeiro passeio já é saudade. Como tal, venha o segundo.

13º PASSEIO PEDESTRE DOS MONTANHEIROS – MISTÉRIOS NEGROS (2007)


Passadeira de Tufeira estendida aos pés do Cedro-do-Mato

Do contraste da vegetação endémica, sobre a Tufeira consistente, aos Domas formados pela primeira erupção histórica dos Açores, ocorrida em 1761.

As condições climatéricas espectaculares, extremamente favoráveis ás actividades ao ar livre quiseram associar-se a este último passeio do corrente ano, contribuindo decisivamente para o sucesso (mais um) deste passeio que como não poderia deixar de ser, ficou marcado por toda a beleza que envolveu o seu traçado, aliás, uma marca de qualidade, a que os Montanheiros já habituaram todos aqueles que gostam de desfrutar deste ambiente e que a natureza nos tem brindado. Todos aqueles que tiveram o grato privilégio de ter participado neste evento, tiveram a possibilidade de serem os primeiros a desfrutar deste itinerário uma vez que o mesmo era inédito. O dia amanheceu num tom totalmente azul, de fazer inveja a muitos dias de Verão, com o astro Sol a iluminar e a encher ainda mais de brilho, as belezas do interior terceirenses, e consequentemente aquecendo os caminhantes e proporcionando uma contagiante boa disposição, a par de condições óptimas para os amantes da fotografia. O movimento e a azafama, registada no Pico da Bagacina, desde logo apontava para um elevado numero de participantes, o que deixava antever que se poderia estar à beira de um recorde de presenças. Uma vez chegados ao ponto de partida do passeio junto à gruta do Natal, e à lagoa do Negro, veio de facto a confirmar-se que o numero de caminhantes era o mais elevado de sempre, cifrando-se nos 180. Como é de praxe, no briefing de apresentação do percurso e com todo o grupo reunido pela primeira vez, constatou-se de facto o elevado numero de caminheiros que com a diversidade de cores das suas vestimentas, davam um colorido diferente, no meio do verde predominante. O guia Paulo Mendonça informou o grupo que apesar do passeio ser mais curto do que o habitual, o mesmo poderia ser dificultoso situado num grau de dificuldade 17, numa escala de 1 a 20, chamando particular atenção, para uma zona de rocha rugosa e pouco consistente. Com o pessoal devidamente elucidado sobre o que iria encontrar, o grupo pôs-se finalmente em marcha, primeiro por uma canada de Bagacina, que levou os transeuntes a um pasto, antes de se penetrar numa zona de vegetação, onde o Cedro-do-Mato impressionava pela sua imponência e espessura, numa área admirável, uma das mais ricas da Ilha e espectaculares no que ao Cedro-do-Mato diz respeito. No chão e em toda a extensão do percurso, estendia-se aos nossos pés, uma autentica passadeira de Tufeira riquíssima, que se estendia aos galhos dos Cedros, cobertos também de musgos e pequenos fetos, que transmitiu uma tranquilidade e sentido de liberdade único. Posteriormente, chegou-se ao Doma um local formado por rochas rugosas e pouco consistentes, que resultaram da primeira erupção histórica dos Açores, ocorrida a 16 de Abril 1761, e que durou cerca de uma semana, formando toda aquela zona rochosa, em que todo o cuidado foi pouco para a ultrapassar, obrigando a coluna a uma efectuar uma marcha lenta, no sentido de transpor os obstáculos sem danos, o que felizmente aconteceu. Transposto as rochas, uma nova porta se abriu dando entrada a uma zona de vegetação endémica rica em Cedro-do-Mato, com alguns azevinhos à mistura, como muita Tufeira á mistura, o que dava uma sensação única á medida que se avançava, e que levou os participantes a uma área idêntica a um desfiladeiro, passando por entre dois Domas, que se formaram lentamente. Caminhava-se a passos largos para o final do último passeio do ano, quando se entrou num local aberto, ladeada por muitos fetos já secos situação própria para a altura do ano, de onde era possível contemplar o Pico Gaspar, também conhecido pelo Pico das Cracas, sobretudo pelos pescadores de São Mateus, em virtude de ser um ponto de referência visto do mar, antes de se entrar numa zona de altas Criptomérias, que foi dar a um pasto aberto à beira do caminho, por onde todos os viandantes se deslocaram até às viaturas, terminando assim o décimo passeio pedestre e último da temporada, que desde já vai deixando saudades, mas fica a esperança que a iniciativa se repita para o ano, já que tem sido uma forma de dar a conhecer aos amantes da natureza o interior da nossa Ilha, que de facto tem coisas maravilhosas e como tal, esta iniciativa foi um sucesso a todos os níveis.

12º PASSEIO PEDESTRE DOS MONTANHEIROS “MORRO ASSOMBRADO” (2007)


Assombração esplendorosa

Inolvidável, é como se pode definir este Morro, que é de facto assombrado por uma beleza impar, que consegue agregar no seu trajecto, as mais diversificadas espécies de vegetação, para além das imponentes rochas, que formam desfiladeiros únicos, num trajecto extraordinário a roçar a espaços a aventura, mesmo com um cheirinho mais radical, simplesmente assombroso!


O Morro Assombrado era um dos passeios mais falados e aguardado por todos, e de facto, o mesmo pela sua beleza, superou todas as expectativas em todos os domínios. Este passeio conseguiu conciliar de tudo um pouco, desde a riquíssima vegetação endémica, em que uma vez mais o Cedro-do-mato, predomina largamente, á vegetação exótica com a Jarroca a destacar-se, os Musgos e as Tufeiras das mais variadas tonalidades, as imponentes rochas escarpadas, algumas deixando transparecer o tom cinzento que contratava com o verde dominante, enquanto outras, eram cobertas por pequenos e médios Fetos e por Musgos dos mais variados tons, formando vales e desfiladeiros que marcaram pela sua singularidade, com fendas das mais variadas dimensões e profundidades, bem como outras que imergiam isoladas da vegetação, como as chamadas torres de Babel, que salvaguardando as respectivas diferenças, se assemelhavam ás malogradas torres gémeas. No solo, os trilhos acidentados com fendas e buracos de rara beleza eram uma preocupação a ter em conta, mas encaradas com grande à-vontade pelos caminhantes, que tiveram ainda de ultrapassar um obstáculo mais radical, onde uma corda estrategicamente colocada serviu para ajudar a contornar o obstáculo. Foi possível ainda durante a caminhada, observar muitas pedras Obsidianas de grande pureza, das mais variadas dimensões. Por tudo isto, este passeio ficará certamente catalogado nos anais, da memória individual de cada participante, como um marco de referencia dos passeios pedestres, já que foi capaz de conciliar todo o encanto do terreno, com algum espirito de aventura, com um toque mais radical, que fizeram elevar a espaços os níveis de adrenalina. O vento que soprava fresco de Noroeste, marcou a sua presença, à partida para o penúltimo passeio deste ano, deixando alguns com vestimentas de veraneio, com pele de galinha, no início da subida de um pasto aberto, com uma paisagem interessante, de onde se podia vislumbrar parte do litoral da freguesia dos Biscoitos. Uma vez chegados ao cimo, a temperatura do corpo já se encontrava suficientemente quente, bem como os músculos e os tendões, prontos para as dificuldades que se iriam deparar pela frente, sobretudo ao nível da concentração, porque como foi informado do briefing de apresentação do percurso, o mesmo requereria muita atenção, sobretudo ao nível do terreno, onde a irregularidade e a existência de fendas e buracos em abundância, eram uma constante. Iniciada a marcha, e após a passagem por uma zona rica em Tufeira, Fetos e Cedro-do-mato, atravessou-se um desfiladeiro de Criptomérias, que levou os participantes a uma janela, onde se poderia observar toda uma vasta área de vegetação endémica. Depois, iniciou-se uma série de descidas a pique e subidas íngremes, até se começar a andar em zonas armadilhadas de buracos e fendas, onde todo o cuidado era pouco, formando-se a espaços em algumas zonas dos trilhos, autenticas pequenas pontes de onde se podia observar as fendas tanto à esquerda como á direita. As descidas vertiginosas e escorregadias criavam dificuldades e apesar de todo o cuidado, de vez em quando provocava uma queda mas sem consequências, eram os ossos do oficio. A marcha lá prosseguia, com os participantes deslumbrados perante tamanho cenário, não se coibindo de comentar e enaltecer a beleza dos desfiladeiros formados pelas rochas, onde a passagem pela chamada arca frigorifica nome dado em função do esfriamento da zona, e as torres de Babel, foram um dos pontos altos, que certamente ficará na memória dos 76 caminhantes que tiveram o grato privilégio de participar, num passeio espectacular, por todos os motivos, que já deixa saudades, numa altura em que o encerramento da época se realizará no próximo dia 14.

11º PASSEIO PEDESTRE DOS MONTANHEIROS – TRILHO DOS FETOS ARBÒREOS (2007)

Na rota dos fetos Arbóreos

O 11º passeio pedestre organizado pelos Montanheiros, em parceria com a Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, levou os sessenta participantes, uma vez mais, à maior freguesia da ilha Terceira para efectuar, desta feita, uma caminhada através dos fetos arbóreos, uma espécie exótica, mas que encontrou naquela zona condições favoráveis ao seu desenvolvimento.A manhã apresentava-se acinzentada, mas com uma temperatura agradável, quiçá, reunindo mesmo as condições mais adequadas à realização do passeio, se bem que o astro Sol, que primou pela sua ausência durante quase toda a jornada, dê um colorido especial e beneficie as imensas fotos que são tiradas durante o percurso.Feitas as recomendações pelos guias, no briefing habitual que antecede a caminhada, iniciou-se, então, a marcha com o grupo a percorrer inicialmente uma zona composta por um misto de vegetação endémica, onde os azevinhos, os louros e o cedro-do-mato eram bem visíveis, e vegetação exótica onde a jarroca era quem mais se destacava.Após uma primeira fase de vegetação mais aberta, entrou-se numa área mais fechada, húmida e escorregadia, que levou os caminhantes até uma zona aberta da qual se podia vislumbrar grande parte do chamado Ramo Grande.Este foi um local onde, em tempos, houve uma tentativa de plantação de eucaliptos, mas que não resultou, sobretudo devido ao facto da zona ser muito desprotegida, principalmente aos ventos nefastos do quadrante leste.Contudo, devido a essa tentativa e à remoção do solo, ficou a descoberto grande quantidade de pedras obsidianas dos mais variados tamanhos, o que torna esta zona riquíssima neste tipo de pedra que, em alguns lugares, é considerada semipreciosa.A obsidiana é uma pedra de vidro natural, resultante dos vulcões, e que se forma quando a lava esfria rapidamente.

GRACIOSIDADE

Deixando para trás esta área de terra brava, o grupo encetou novamente a marcha agora de uma forma descendente por canadas mais largas, a espaços barrentas e escorregadias, salpicadas pelo cinzento do basalto, passando por uma zona onde os Eucaliptos eram os donos da vegetação.A graciosidade e a grandeza dos primeiros fetos começaram a surgir para regalo e encanto de todos, alguns dos quais impressionaram pela sua imponência. Oportunidade quase única para os participantes perfilarem para a foto de família da praxe.Retomada a marcha, lá se continuou a descida até um cruzamento, onde, virando à esquerda e poucos metros mais à frente, se pode observar o Vale dos Fetos, nome de baptismo dado pelos Montanheiros. Foi um dos momentos altos do passeio – poder observar, ali tão perto, tamanha beleza exótica entrincheirada entre a vegetação do vale.Continuando, a coluna atravessou uma zona formada por um misto de eucaliptos e faias numa primeira fase, para depois ser a faia a predominar aqui e ali com alguns eucaliptos à mistura, ladeados por uma alameda de jarroca e alguns fetos, transmitindo uma sensação única de tranquilidade perante o ar puro e o cheiro da vegetação, apenas interrompido pelas trocas de impressão dos caminhantes e pelo estalar dos galhos secos das árvores estendidos no chão, pisados pela passagem da coluna.Após o merecido almoço, e em plena marcha, entrou-se, então, num trilho mais apertado até chegar a uma área que parecia uma avenida de fetos arbóreos, que antecedeu a passagem por um local onde as altas criptomérias eram as senhoras da área, antes do grupo se deter junto ao curral dos cabreiros, onde se ordenhavam as cabras há alguns anos atrás.Caminhava-se a passos largos para o final quando se entrou num local mais aberto, composto por criptomérias mais pequenas, onde o chão estava forrado pela tufeira, que aparece em zonas mais baixas deprimidas e com maior acumulação de água, onde os caminhantes ficaram mais expostos ao Sol, que agora rompia, a espaços envergonhado, o que levou num ápice os participantes até ao cinzento do asfalto, onde se deu o final de mais um passeio, diferente do anterior, mas com o mesmo nível de interesse e beleza.Agora, é hora de esperar que o tempo se porte bem. Até ao próximo dia 30 de Setembro para o penúltimo passeio deste ano.

10º PASSEIO PEDESTRE DOS MONTANHEIROS / SERRA DE STA. BÁRBARA (2007)

Santuário de vegetação endémica

O 10º Passeio Pedestre dos Montanheiros/Serra de Santa Bárbara foi um momento único. Algo que, com certeza, perdurará na memória de todos os presentes.

Numa manhã amena, com uma ligeira brisa soprando de leste, o céu apresentava-se numa tonalidade azul celeste, transmitindo um ar tranquilo, a espaços coberto por flocos de nuvens num branco algodão, deixando transparecer por entre elas a lua, que parecia querer saudar os 57 caminhantes presentes.Desta feita, estavam reunidas as condições necessárias para, após sucessivos adiamentos, finalmente se tentar consumar o tão aguardado passeio à mítica Serra de Santa Bárbara, algo tão ansiosamente aguardado por todos.Depois da partida junto à sede dos Montanheiros, deu-se a já habitual paragem no Pico da Bagacina, para se reagrupar com alguns participantes que lá vão ter, sobretudo os que vêm do concelho da Praia da Vitória, fazendo-se, posteriormente, a caravana à estrada, com direcção ao ponto mais alto da ilha Terceira.Uma vez imobilizadas as viaturas, deu-se então início ao briefing da ordem, onde os guias, Paulo Barcelos e Paulo Mendonça, elucidaram os presentes sobre as características do percurso, cuidados e precauções a ter, nomeadamente sobre o terreno irregular, bastante armadilhado em função dos buracos tapados com o musgo e a urze. Aliás, o capítulo da segurança foi devidamente esclarecido, nas suas mais variadas vertentes, já que os guias classificaram o passeio com o grau de dificuldade de difícil.Feitas as últimas recomendações, os caminhantes colocaram as mochilas onde transportavam o imprescindível farnel, bem como o precioso líquido que dá pelo nome de água. Alguns trocaram o calçado leve citadino pelo mais robusto e apropriado ao tipo de terreno que se iria deparar, e em fila indiana deram então início à marcha, numa primeira fase através de uma vegetação rasteira, onde o musgo fofo parecia uma passadeira estendida aos participantes, a espaços bem húmido.Passados estes primeiros metros, chegou-se então a uma zona onde a vegetação composta por cedro do mato era mais alta, sensivelmente pela cintura, a espaços mesmo pela zona do ombro, de onde, através de pequenas janelas, era possível vislumbrar toda a beleza única dos vales e desfiladeiros que se formam na Caldeira da Serra.

DIFICULDADES

Mais à frente, as primeiras dificuldades do dia, quando se deu então início à descida para a caldeira, onde o terreno, manhoso e irregular, obrigava a uma marcha mais lenta, de cuidados redobrados, mesmo perante todas as precauções e técnicas de descida de ocasião, como a do traseiro e do calcanhar, por exemplo, como alguém, sempre bem-disposto, não se cansava de dizer. Porém, não foi o suficiente para impedir algumas escorregadelas.Concluída a descida, e o grupo reagrupado, caminhou-se então por um vale, de beleza rara, onde o basalto das rochas escarpadas se misturava com musgos de vários tons verdes, brancos e avermelhados. Esta conjugação de cores que rodeava os caminhantes era, de facto, de uma beleza inigualável, que deixava todos estupefactos com tamanha beldade nunca vista. Oportunidade para as objectivas trabalharem a redobrar, porque momentos destes são únicos.Faltavam, sensivelmente, cerca de quatro minutos para o meio-dia quando o grupo se deteve junto à Lagoa Funda, onde foi informado que se faria uma pausa para o almoço, numa zona bem escolhida para o efeito, já que foi, na verdade, gratificante recompor o estômago perante uma beleza inolvidável.Um autêntico santuário de vegetação endémica única, que nos fez sentir a todos uns autênticos privilegiados por estar ali. Todos os adjectivo são poucos para classificar tamanha beleza que nos rodeava e ali sentados junto à Lagoa, visualizando todo o vale, sentíamo-nos tão pequeninos.Seguidamente, o grupo voltou à marcha em direcção à zona do chamado canto da caldeira, atravessando uma zona riquíssima de floresta laurisilva, onde os louros, os azevins e, sobretudo, o cedro mato predominante, no seu mais puro estado selvagem, dominavam.Caminhava-se a passos largos para o final de um passeio único e memorável, que certamente perdurará na memória de todos quantos passaram por esta rica experiência, que só foi possível graças a esta iniciativa dos Montanheiros, que está de facto de parabéns pela mesma, que se espera que se repita por muitos anos.No final do passeio, e quando as antenas estavam ali à mão de semear, a neblina começou a descer sobre a serra, como que a fechar a porta e as janelas a mais este passeio que foi um sucesso a todos os níveis.Para o dia 16 de Setembro há mais. Até lá.


9º PASSEIO PEDESTRE DOS MONTANHEIROS SERRA DO MORIÃO (2007)


Nas rotas da Serra do Morião

Da passagem das Bestas, onde existem as mais profundas relheiras conhecidas nos Açores, devido à acção dos carros de bois ao longo de mais de trezentos anos, até ao Rosto, o ponto mais alto da Serra.

Coincidindo com o último dia do programa festivo das Sanjoaninas/2007, as maiores festas profanas dos Açores, o nono passeio pedestre organizado pela Sociedade de Exploração Espeleológica “Os Montanheiros”, em colaboração com a Câmara Municipal de Angra do Heroísmo e o Regimento de Guarnição nº1, teve como destino a Serra do Morião, numa espécie de homenagem às festas e à cidade açoriana Património Mundial, uma vez que do seu cimo se pode obter uma esplendorosa vista sobre a histórica cidade das ilhas de bruma. E nem o cansaço acumulado de uma semana intensa de festejos inibiu os habituais participantes que, no horário previamente estipulado, lá estavam frescos que nem uma alface, acompanhados pela sempre contagiante boa disposição, alegria e espírito de aventura, para atacar o objectivo proposto.“A Ilha Terceira é constituída por numerosos aparelhos vulcânicos, os quais deram lugar a emissões de lavas e saídas de abundantes projecções de granulometria diversa”, pode-se ler numa das publicações da SEE “Os Montanheiros”.Sob o ponto de vista estrutural, os referidos aparelhos podem ser agrupados em quatro complexos principais, encontrando-se entre eles o Maciço da Serra do Morião.O Maciço da Serra do Morião e da Caldeira do Guilherme Moniz trata-se de “um grande aparelho vulcânico, cuja cratera central corresponde à Caldeira do Guilherme Moniz”, acrescenta a obra em questão.Os bordos Oeste e Sul da caldeira são constituídos pela Serra do Morião, cujo ponto mais alto, o Rosto, atinge 632 metros de altitude.Os bordos Norte e Este da Caldeira foram destruídos pelas erupções mais recentes dos aparelhos do complexo Vulcânico do Pico Alto (Terra Brava, Pico do Carvão, etc.).Um dos pontos altos do passeio aconteceu poucos momentos após o seu início, no local denominado Passagem das Bestas, onde o grupo, composto por 40 elementos, teve oportunidade de visualizar as chamadas Relheiras, que são as mais profundas e conhecidas dos Açores, algumas das quais ultrapassam os 30cm de profundidade, fruto de mais de trezentos anos de passagem de carros de bois que, diariamente, faziam o trajecto entre a Caldeira do Guilherme Moniz e a cidade de Angra do Heroísmo, levando a imprescindível lenha. Mais tarde, na década de quarenta, aquando da II Guerra Mundial, em virtude do bloqueio imposto no Atlântico pelos submarinos alemães, esta actividade foi novamente retomada.

SEMPRE A SUBIR

Posteriormente, em pleno pasto, deu-se então início à primeira parte da subida da Serra, numa primeira fase por entre uma vegetação onde a tradicional rapa abundante na ilha predominava, seguindo-se uma fase em que o cedro do mato, outrora muito usado na construção de embarcações e não só, era bem visível, para terminar ladeados pelas imponentes criptomerias, antes de se dar entrada em novo pasto baldio de inclinação acentuada, que serviu de ligação a um trilho de terra batida. Iniciando-se, por fim, a subida final até à zona do Rosto, o ponto mais alto da Serra, de onde se podia ver não só toda a cidade de Angra do Heroísmo, entrincheirada entre o Monte Brasil e a Serra do Morião, duas espécies de guardiães do templo, a Sul e a Norte da cidade, respectivamente, bem como a Serra do Cume, a Ribeirinha, os Ilhéus das Cabras, São Mateus e por aí adiante.Escusado será dizer que tão ampla e magnífica paisagem fez as delícias das objectivas que não se cansavam de a contemplar.Uma vez chegados ao objectivo foi dada indicação para a pausa de almoço, acontecimento sempre bem apreciado por todos, não só para recarregar baterias, como também para a amena cavaqueira, onde o inconfundível espírito de humor de alguns acaba por contagiar todo o grupo.Com as baterias recarregadas, deu-se então início ao caminho de regresso, sem esquecer a já tradicional foto de família, caminhando-se para o final de um passeio magnífico, que atingiu todos os seus objectivos e que começou na zona da passagem das Bestas, em direcção à zona do Rosto.

8º PASSEIO PEDESTRE DOS MONTANHEIROS – BAÍAS DA AGUALVA (2007


Por trilhos de lava

Baía da Alagoa da Fajãzinha, da Ferradura, da Furna das Pombas até à Ponta da Selvagem ou Mistérios, foi este o itinerário do 8º Passeio Pedestre dos Montanheiros.

O astro Sol irradiava a ilha de luz, numa manhã lindíssima, o que deixava antever excelentes perspectivas, para a 8ª edição dos Passeios Pedestres, organização dos Montanheiros e da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, que conta com a colaboração do Regimento de Guarnição nº1, o qual presta auxílio na área da segurança, mais propriamente na vertente das telecomunicações.A brisa que soprava de noroeste, aos poucos, deu boleia a uma nuvem longa de um tom cinzento muito carregado, desafiando e ameaçando as perspectivas de um passeio virado para o interior.Isto mesmo fez questão de salientar o guia, Paulo Barcelos, no momento que antecedeu a partida para a concentração no Pico da Bagacina, ao descartar praticamente a hipótese Serra de Santa Bárbara.Uma vez todos reagrupados no Pico da Bagacina, deu-se, então, início ao briefing da ordem, onde os receios anteriores foram confirmados, ou seja, a impossibilidade de ir à Serra, bem como a segunda alternativa, Pico Agudo e Pico Alto.Com as condições climatéricas a alterarem-se rapidamente e com a previsão de agravamento ao longo do dia, a solução foi, como alternativa, efectuar um passeio pelo litoral, avançando-se, então, para o concelho da Praia da Vitória, mais propriamente até à maior freguesia daquele concelho e de toda a ilha Terceira, em termos territoriais, com cerca de 35,70 Km2, a Agualva, tendo como destino à baía da Alagoa da Fajãzinha, seguindo pela da Ferradura, Furna das Pombas até à Ponta da Selvagem ou Mistérios.Uma vez imobilizadas as viaturas, e com todo o grupo reunido no briefing da ordem, foi dado a conhecer o tipo de percurso, que começaria por uma pequena parte em estrada, virando-se depois à esquerda, entrando naquilo que vulgarmente se chama uma canada, que levou os caminhantes a uma pequena ribeira em direcção à Alagoa da Fajãzinha.Uma vez lá chegados, Paulo Barcelos teceu algumas considerações históricas sobre o local, em tempos uma zona muito húmida, onde a água doce se misturava com a salgada, reunindo condições ímpares para a plantação do inhame, mas, como sempre, o Homem lá deu a sua mãozinha à mãe natureza, alterando o local, nomeadamente, captando a água do local, através de bombas artificiais para levar o precioso líquido até à rede pública.Deixando para trás a Fajãzinha, e com mais alguns conhecimentos adquiridos, os caminheiros deram início à subida das imponentes rochas por entre trilhos de lava, ladeados pelo verde abundante da tradicional rapa, outrora muito utilizada para acender os fornos de lenha. Outros tempos...Mais acima o grupo deteve-se no miradouro local, tendo por pano de fundo o imenso Oceano Atlântico. Do alto podia-se contemplar toda a área de beleza ímpar da Fajãzinha, onde, uma vez mais, o guia aproveitou para informar os 45 participantes quanto à natureza e formação das Fajãs, ficando-se, por exemplo, a saber que existem três tipos de formações distintas.Depois, ala bote, e foi um tal subir e descer, por entre os imponentes rochedos de formação vulcânica, com altitudes impressionantes, banhados e circundados pelo mar, normalmente, agreste naquelas paragens.Escusado será dizer que toda a imponência desta beleza rochosa jamais passou despercebida à vista de uns e às objectivas de outros, especialmente a baía da furna das Pombas, onde existem três cavidades, devido à erosão marinha, denominadas furna das Pombas, do Nascente e dos Ninhos. Posteriormente, veio o merecido almoço, em plena rocha vulcânica, junto à brisa do mar que ajudou a agudizar o apetite, altura sempre aproveitada para a boa-disposição e troca de impressões, iniciando-se, por fim, a caminhada rocha acima, de regresso às viaturas, terminando mais um passeio pedestre. O próximo evento já tem data marcada, para o próximo dia 1 de Julho, com destino à Serra do Morião.

7º PASSEIO PEDESTRE DOS MONTANHEIROS – CALDEIRA DAS LAJES (2007)


Ás voltas com a meteorologia

Mesmo condicionado pelas condições atmosféricas adversas, o 7º Passeio Pedestre dos Montanheiros – Caldeira das Lajes não defraudou as expectativas.

A aurora há muito tempo que ficara para trás e, por volta das nove da matina, sob o olhar do sol meio envergonhado que espreitava timidamente por entre flocos de nuvens intermitentes, os caminhantes chegavam a conta-gotas, começando a agrupar-se junto à sede dos Montanheiros, sita à rua da Rocha.Eram os primeiros momentos que antecediam mais uma partida, encarada com naturalidade pelos mais veteranos, e com algum frenesim... próprio dos estreantes, que aguardavam com inquietude e ansiedade o momento da partida.Em cima da mesa, o trajecto planeado tinha como destino a Serra de Santa Bárbara, mas aos poucos começou a ser evidente que essa hipótese ficaria para trás, em virtude das condições climatéricas adversas. Todavia, no primeiro briefing do dia, ficou decidido a caravana deslocar-se até ao Pico da Bagacina, para se tomar uma decisão final.

PICO AGUDO E PICO ALTO

Uma vez a caravana chegada ao Pico da Bagacina, constatou-se que, de facto, a possibilidade Serra era uma carta fora do baralho. Assim, no segundo briefing do dia, foi decidido e anunciado que, em alternativa, se avançaria para o Pico Agulha e o Pico Alto, em virtude de se preverem melhores condições meteorológicas naquela zona.Uma vez mais, a caravana fez-se à estrada rumo às proximidades do objectivo proposto. Uma vez as viaturas estacionadas, procedeu-se, então, aos preparativos para finalmente se fazer a subida ao Pico Agulha.Foi, então, a vez de carregar as mochilas e de alguns mudarem para pneumáticos mais consentâneos com o tipo de terreno que se iria deparar pela frente. Após mais um curto briefing sobre o objectivo, tipo de terreno e respectivas dificuldades que se iriam deparar, deu-se a partida, sem que antes não houvesse um último olhar sobre o equipamento.Em fila indiana, as cores das vestimentas e das mochilas movimentavam-se de forma esguia por entre o verde dominante do terreno, numa primeira e curta fase de vegetação rasteira, para, posteriormente, dar lugar a uma floresta endémica mais fechada onde o cedro do mato predominava.Por entre os pequenos tufos de erva, escondia-se, a espaços, algumas partes lamacentas, desejosas de pregar a sua partida a alguém mais desprevenido ou descuidado, em consequência da chuva que havia caído.Mas, estas pequenas contrariedades e, quiçá, dificuldades foram encaradas com grande descontracção e espírito de humor, bem patentes nas gargalhadas soltas que ecoavam por entre a vegetação.

MEIA VOLTA VOLVER

Em plena subida, o encanto da vegetação prendia a atenção dos caminhantes que, por diversas vezes, paravam para fazer soltar os flashes das objectivas, porque a natureza assim o exigia.Chegados a uma pequena clareira, numa limitada zona plana e pantanosa, conhecida por Terra Brava, a neblina ameaçava tornar-se densa, acompanhada dos primeiros orvalhos. O grupo parou e foi, então, decidido, e posteriormente comunicados pelos guias, que não estavam reunidas as condições mínimas exigidas para continuar, iniciando-se depois a inversão de marcha, em direcção ao ponto de partida.Uma vez chegados junto das viaturas, novo briefing onde o grupo foi informado que, devido às alterações climatéricas que se vinham deteriorando, a única solução para dar continuidade ao passeio encaminhava a caravana para a caldeira das Lajes, o único local onde a meteorologia era algo benevolente.Assim, foram todos para dentro das viaturas, meia volta volver e o grupo partiu em direcção ao objectivo de recurso.Às 12h25, sensivelmente, o grupo foi informado que se faria uma pausa para o almoço. Rapidamente os participantes se acomodaram, ora em cima de alguns pedregulhos, ora na relva, tendo a Caldeira como pano de fundo, bem como o mar e o aeroporto das Lajes. Uma vez acomodados, o barulho dos fechos fez-se sentir, de onde saíram as sandoxas, os iogurtes, a fruta, etc., para se dar o início à trituração, porque com a barriguinha não se brinca e, como diz o velho ditado popular, “saco vazio não se aguenta de pé”. A pausa foi aproveitada para o guia fazer um pequeno resumo histórico do local, nomeadamente, informando que o mesmo foi ocupado pelos espanhóis, existindo ainda uma casa em ruínas, que é conhecida como a casa do espanhol.Acresce referir que o local foi, há muitos anos atrás, uma importante zona de exportação de seda da melhor qualidade que havia na Europa, fazendo-se a sua exportação para a cidade de Granada. O vinho foi também outro produto que na altura de lá saiu, vendo-se ainda as respectivas curraletas.Com o estômago aconchegado, e mais enriquecidos com a pequena lição de história sobre mais um capítulo da terra dos bravos, deu-se, por fim, início à descida, seguindo o grupo pelo calhau, virando depois à esquerda, passando por entre curraletas de vinha, vindo a fazer uma pausa na zona do miradouro.Por fim, encetou-se a caminhada final até à casa do espanhol, terminando, deste modo, o 7º percurso pedestre que, pese todas as contrariedades, devido ao estado do tempo, foi mais um sucesso. O 8º passeio tem já encontro marcado com o calendário para o dia 17 do corrente mês de Junho.