quinta-feira, 2 de outubro de 2008

8º Passeio Pedestre dos Montanheiros – Mistérios Negros (2008)

Por trilhos de lavas rugosas

Da imponência do Cedro-do-Mato, que impressiona pela sua espessura, passando pelas ricas e vistosas Turfeiras, até aos Domas de lavas viscosas, densas e rugosas, resultantes da primeira erupção histórica de 1761

Daniel Costa

Com a chegada do mês de Setembro, chega igualmente o Outono, período em que as condições climatéricas se tornam mais instáveis, sinal que entramos na recta final de mais um ano, e consequentemente dos passeios pedestres organizado pela Associação Espeleológica “Os Montanheiros”.
Assim, após a realização de mais esta caminhada, a 8ª do corrente ano, ficam apenas a faltar duas para o términos da campanha 2008, ficando-se na expectativa, a aguardar aquilo que o novo ano trará no que diz respeito a esta matéria.
Este octo passeio, poderá dividir-se em dois digamos assim, uma vez que a primeira parte do mesmo foi realizado numa zona selvagem, de vegetação endémica, onde o Cedro
-do-Mato impressionava pela sua imponência e espessura, numa área admirável, uma das mais ricas da Ilha e espectaculares no que ao Cedro-do-Mato diz respeito. No chão e em toda a extensão do percurso, estendia-se aos nossos pés, uma autentica passadeira de Turfeira riquíssima, que se propagava aos galhos dos Cedros, cobertos também de musgos e pequenos fetos, que transmitiu uma tranquilidade e sentido de liberdade único, que levou os participantes a cruzar a área dos Mistérios Negros, local anteriormente chamado de Vale Fundo, que com a primeira erupção histórica de 1761, desapareceu, dando lugar aos domas de lavas viscosas, densas e rugosas, rochas pouco consistentes, empurradas de baixo para cima, que aí se formaram.

As erupções

Rezam as crónicas da altura, que a 14 de Abril de 1761, a terra começou a tremer com insistência, algumas vezes de forma violenta, era o sinal do que depois viria a suceder, uma primeira erupção vulcânica, ocorrida no dia 17 que daria origem aos seis domas que constituem os Mistérios Negros, ocorrida entre os Picos Gordos e a Serra de Santa Bárbara.

Quatro dias depois, nova erupção sucedeu de contornos mais fortes, dando então origem ao Pico do Fogo, Pico Vermelho e Pico das Caldeirinhas, desenvolvendo-se também segundo os relatos da época, em três correntes de lava, a primeira rumo a oriente, com paragem num local designado de Chama, a segunda dirigiu-se para Ocidente, lançando uma propagação para Norte até ao Tamujal, e a terceira a superior, deslocou-se para Norte, dividindo-se posteriormente em duas, uma das quais estagnou no Vimeiro e a outra foi dar ao Juncalinho, chegando mesmo a invadir os Biscoitos e a destruir algumas casas.

O negro dos Domas e o verde da vegetação

Depois de se transpor esta zona rochosa onde todo o cuidado foi pouco para se a ultrapassar, obrigando a coluna a uma efectuar uma marcha lenta, no sentido de transpor os obstáculos sem danos, uma nova porta se abriu dando entrada a uma zona de vegetação endémica rica em Cedro-do-Mato, com alguns azevinhos à mistura, como muita Turfeira à mistura, o que dava uma sensação única á medida que se avançava, e que levou os participantes a uma área idêntica a um desfiladeiro, passando por entre dois Domas.
Caminhava-se a passos
largos para o final desta parte selvagem do passeio, quando se entrou num local aberto, ladeada por muitos fetos já secos situação própria para a altura do ano, de onde era possível contemplar o Pico Gaspar, também conhecido por Cesto Redondo, ou Pico das Cracas, sobretudo pelos pescadores de São Mateus, em virtude de ser um ponto de referência visto do mar, antes de se entrar numa zona de altas Criptomérias que no seu final, fazia a ligação com o passeio turístico.
Já em pleno percurso turístico devidamente sinalizado, a progressão deu-se por uma Canada espaçosa, um percurso sempre em sentido ascendente de inclinação acentuada, até ao alto do Pico da Cancela, de onde era possível desfrutar de uma paisagem magnífica, oportunidade de imediato aproveitada pelos participantes amantes da fotografia, colocarem o dedo no
gatilho.

Após esta pequena pausa, entrou-se por entre Criptomérias, que levou os caminhantes, até um
marco onde se procedeu à pausa para o almoço, acontecimento por razões óbvias sempre bem-vindo.
Retomada a marcha, a mesma desenrolou-se novamente por entre Criptomérias, entrando-se posteri
ormente numa zona mais aberta que levou os amantes da natureza à Canada dos Mistérios Negros, que após percorridos alguns metros e virando à direita, penetrou-se novamente numa área de vegetação endémica fechada, aparecendo a espaços algumas clareiras nos bordos do negro das pedras dos Mistérios Negros, entrando-se posteriormente numa zona mista, que fazia numa primeira fase, a fronteira entre a vegetação endémica e a vegetação exótica, que antecedeu a chegada ao pasto de onde se deu o ponto de partida, para mais este evento de cariz ambiental e histórico.

1 comentário:

Anónimo disse...

O interior da nossa ilha é lindo.