sexta-feira, 10 de outubro de 2008

9º Passeio pedestre dos Montanheiros – Morro Assombrado (2008)

Assombro espectacular

Da rica e intacta vegetação endémica selvagem, passando por labirintos de grandes fendas, que rasgam a terra.

Daniel Costa

O nono passeio pedestre e penúltimo da temporada, teve como destino o “Morro Assombrado” considerado por muitos o ex-líbris dos passeios pedestres, muitíssimo aguardado pelos habituais participantes que logo após a primeira incursão, ficaram apaixonados por tamanha beleza fora do comum, de contornos únicos nestas paragens, sendo por isso com grande emotividade que lá voltam, e com grande expectativa por parte dos caloiros, em função dos relatos abonatórios dos mais veteranos. Todavia, a ida ao tão afamado Morro, chegou a estar ameaçada, em função das condições climatéricas adversas, que se registavam no ponto de encontro decisivo, localizado no Pico da Bagacina. Com efeito, o céu cinzento a par de alguma neblina e de algumas quedas de água, a espaços mais violenta intercalada com algumas pausas que se registava no local, levou os promotores da iniciativa, a optar por um passeio alternativo (Baías da Agualva), salvaguardando no entanto a primeira hipótese, caso as condições climatéricas o possibilitassem, a quando da sua aproximação pela estrada que vai dar aos Biscoitos. Em plena descida e voltando o olhar para a direita, logo se constatou pelo céu azul que deixava penetrar o astro Sol, iluminando toda a área do Biscoito Rachado, que estavam reunidas as condições para finalmente e felizmente, o grupo aceder ao tão almejado Morro. No briefing que antecede as caminhadas, para além das habituais recomendações, os responsáveis chamaram a atenção para a espectacularidade do passeio, mas alertaram para a dificuldade do mesmo, colocando particular ênfase, na questão da segurança, alertando para o facto dos amantes da fotografia, as tirarem imóveis, e não em andamento, em virtude do piso irregular, onde as fendas em grande parte do percurso abundam. Posto isto, os participantes passaram uma última vistoria ao seu equipamento, acomodaram as mochilas e ala arriba por um pasto verdíssimo, até se deter no seu cimo, para posteriormente entrar no Trilho das Fendas o início do “Morro Assombrado”. O “Morro Assombrado”, situa-se na Serra do Labaçal, na freguesia das Quatro Ribeiras, local também conhecido por Serra com o nome da referida freguesia, em pleno Biscoito Rachado. Esta é uma zona conhecida pelo pé humano mas não pela sua mão, em virtude da irregularidade do seu traçado. Em 1843 o padre Jerónimo Emiliano de Andrade descrevia os matos da Terceira como (...) Em muitos lugares da Ilha, os matos são rotos e cheios de algares profundíssimos, cujas bocas muitas vezes estão escondidas pelos arbustos, que os cruzam e cobrem de verdura. É necessário que os homens que os pretendem penetrar os vão sondando atentamente para não serem precipitados em abismos...). Segundo José Maria, exímio explorador dos “Montanheiros” com largos anos de incursões e investigações aos matos da Terceira, (...) Os Algares, por ele citados de “profundíssimos”, não passam de grandes fendas, que rasgam a terra, algumas com mais de cem metros de comprimentos e que oscilam entre os cinco e trinta metros de altura, muitas delas ultrapassando os dois metros de largura, o que por vezes provoca um confuso labirinto de fendas, como é o caso do selvagem mas espectacular “Morro Assombrado”(...). Por este facto, esta área embora conhecida, não era utilizada pelo homem, na criação de cabras e retirada de madeira, o que lhe possibilita, encontrar-se no seu mais puro estado selvagem, onde se pode encontrar uma rica vegetação Laurissilva. O nome “Morro Assombrado” foi dado pelosMontanheiros”, pois a quando das suas expedições a este lugar, e como as mesmas se realizavam mais no Inverno, este local pelo seu relevo medonho e confuso, à densa floresta, aos barbudos nevoeiros e aos ventos que sopravam forte por cima dos seus labirintos, criava uma atmosfera em que a designação assombrado assentava que nem uma luva, daí ter ficado baptizado de “Morro Assombrado”. A primeira parte do deslocamento, desenrolou-se por entre vegetação de média altura, maioritariamente composta por cedro, contornando o bordo do Biscoito da Ferraria de donde se abriam algumas janelas onde era possível vislumbrar toda esta bela e rica área, até à imponente Rocha do Chambre, com a Serra de Santa Bárbara ao fundo. Seguidamente, a coluna encetou uma descida a pique, com algum grau de dificuldade, onde todos os cuidados eram poucos, para evitar alguma situação desagradável. Uma vez concluída a descida, entrou-se num local de vegetação endémica, alta e cerrada, prosseguindo a marcha por entre diversas fendas de variadas comprimentos e larguras, até ao Obelisco, uma rocha isolada em forma de aguilhão na entrada do Morro, que antecedeu a entrada no labirinto, onde se situa a passagem do Morro de baixo para o Morro de cima, labirinto esse que é percorrido em grande parte entre fendas altas, com a rocha basáltica revestida de musgos de várias tonalidades, de uma beleza rara. Prosseguindo, o grupo fez a aproximação às Torres de Pedra, duas pedras que se erguem paralelamente por entre a vegetação, outro dos pontos altos do passeio, que antecedeu a passagem por entre a Rocha Fria, também conhecida por Arca Frigorifica, nome dado em função do esfriamento da zona, continuando depois pela grota que se situa entre a Serra do Labaçal e o Biscoito da Ferraria, um local onde a Roca-de-Velha emerge teimosamente por entre a vegetação endémica.Caminhava-se a passos largos para o final do passeio, antes ainda a passagem pela Cova das Pardelhas, ou Cova das Criptomérias, antes da subida final, que levou os caminhantes até ao pasto, que fez a ligação à canada em direcção às viaturas.

2 comentários:

Anónimo disse...

Lindo!Lindo!
O que vale é que o sítio é tão inacessível...por aqui não se vão ver os nossos motards de esquina a darem cabo de uma zona fantástica da nossa ilha!!!
um abraço
Continuem com o blog!

Anónimo disse...

As fotos são lindas!
E o trabalho esta fantástico mts bjs fica bem.