quinta-feira, 14 de maio de 2009

3º Passeio Pedestre dos Montanheiros Mina da Serra de Santa Bárbara (2009)

Uma obra impressionante

Construir um túnel espaçoso em plena Serra, num local de difícil acesso e agreste devido às condições climatéricas adversas em pleno século XIX para ir buscar e aproveitar um pequeno fio de água, com os parcos recursos de então, é um exemplo a seguir nos dias de hoje…

As condições climatéricas, tem estado de candeias às avessas com a edição deste ano dos passeios pedestres, e o velho ditado de que não há duas sem três, confirmou-se já que o terceiro passeio ficou marcado uma vez mais pela nebulosidade, um dos grandes contratempos dos passeios, porque torna impeditiva a tiragem de imagens e a visualização das bonitas paisagens desta Ilha. E neste passeio, se o grande objectivo foi a visita à Mina, a excelente paisagem que é permitido ver da encosta da Serra, ficou anulada em virtude da nebulosidade, apesar de a espaços se abrir umas ligeiras janelas, de onde se podia ver de uma forma ténue, a mais alta freguesia da Ilha as Doze Ribeiras e a Serreta. Este passeio levou os pedestrianistas, até à zona das nascentes da Serra, iniciando-se o percurso numa canada com um tapete bem solidificado de bagacina vermelha, ao que se seguiu outra canada agora de piso mais irregular, formado por um misto de basalto e bagacina desta feita preta, que levou os participantes, a um pasto extenso com um elevado grau de inclinação, que causou mossa em alguns participantes, tendo que se fazer uma pausa no seu cimo, para reagrupar e recarregar energias. Daqui para a frente, penetrou-se então na vereda que conduziu o grupo até ao seu objectivo, por entre vegetação endémica quase exclusivamente composta por cedro-do-mato de pequena altura, que diminuía de altura, à medida que a altitude se tornava mais elevada. Neste trilho, era bem visível um tubo plástico (a necessitar de alguns remendos) por onde o precioso líquido escorria.

A Mina

Uma vez chegados ao cimo, sensivelmente perto dos bordos da Serra, através de pequenas janelas, foi possível ver a levada construída para trazer a água, feita em telha por onde ela deslizava fresca e cristalina, um trabalho que impressiona pela sua qualidade, parecendo ter sido concluída à pouco, quando na realidade já lá vão muitos anos. Esta obra foi efectuada para canalizar água para abastecer as freguesias do lado Oeste da Ilha, vindo do poço negro quer fica por detrás da Serra. Depois foi o ponto alto do passeio, com a chegada à Mina grande, a entrada situada a Oeste tem gravado a data de 1871, data que ao que se supõe a obra ficou concluída. Esta entrada, tem cerca de 1,20m de altura por 0,70cm de largura, as paredes laterais a seguir à entrada são cobertas de pedra e o tecto é (travado) por pedras maiores em forma triangular, a altura varia entre o 1,80 e os 2,50m de altura. Na sua quase totalidade, o aqueduto está tal como foi aberto, sendo o tecto (abobado) e paredes em bagacina, numa extensão de 237m a partir de Oeste, os restantes 76,5m são em pedra de cantaria, tal como o início do túnel até ao desabamento. A uma distância de cerca de 165m da entrada de Oeste, existe uma caixa de captação de água, e 5m mais à frente, vê-se um buraco no tecto em forma de funil, com cerca de oito a nove metros de altura, tapado possivelmente por uma grande laje no cimo, por onde certamente se fazia a extracção da bagacina, quando se escavou o aqueduto. Esta Mina, foi aberta na sua quase totalidade em linha recta, apenas aos 268m, contados a partir de Oeste, faz uma pequena curva (em S aberto), o que impossibilita de se ver a luz ao fundo do túnel!

Condições duras

Parte do percurso efectuado nesta caminhada feita por lazer, que colocou dificuldades de locomoção a alguns pedestrianistas, era feita pelos trabalhadores (já que o itinerário efectuado por estes era bem maior). Para se ter uma ideia do enorme esforço e trabalho efectuado numa época, em que as condições em todos os domínios era muto rudimentar, os operários saíam pelas quatro da manhã, carregavam as telhas e lá se faziam encosta da Serra acima. Trabalhavam arduamente na abertura da Mina e quando começava a ficar lusco-fusco, lá encetavam o caminho de volta, desenvolvendo o seu trabalho de Sol-a-Sol. Esta obra impressiona, não só pela forma como foi efectuado, num local difícil e agreste em condições paupérrimas, mas sobretudo porque a mesma foi efectuado para ir buscar a essas nascentes, um pequeno fio de água que não ultrapassa os 5cm de diâmetro. Na área envolvente da Mina, procedeu-se à pausa para o almoço, iniciando-se posteriormente o caminho de regresso, com os ossos meio enregelados devido ao frio que se fazia sentir, e que a pausa para a trinca, ajudou a fazer descer a temperatura do corpo, mas que com o início da marcha voltou a subir.A vereda pela qual os caminhantes desceram a encosta da Serra, em certos locais estava escorregadia, originando, como já é habitual e é da praxe diga-se, algumas quedas, que ajudaram como sempre a descontrair, chegando-se rapidamente ao final, onde uma vez mais e a título excepcional, se deu nova concentração, para serem distribuídas T-shirts a todos os participantes, oferecidas pela DRD (Direcção Regional do Desporto).

1 comentário:

Anónimo disse...

parabens pelo premio-lemniscata