segunda-feira, 6 de abril de 2009

1º Passeio Pedestre dos Montanheiros Rocha do Chambre 2009

Da erupção histórica até à rocha do Chambre

Do Pico do Fogo, o centro da erupção vulcânica de 21 de Abril de 1761, passando pelo alto da Rocha do Chambre, até à Cova do Narião, onde se forma um lindíssimo lago, aquando das primeiras chuvas.

Um dia carregado de um tom cinzento, ameaçando chuva, com uma brisa que soprava do quadrante sueste, mais arrepiante nas zonas altas, marcou o arranque de mais uma temporada dos passeios pedestres organizados pela associação “Os Montanheiros”.

Mas nem o aspecto carrancudo, mesmo quiçá sinistro do dia, inibiu a presença em massa dos pedestrianistas, que à hora marcada lá estavam junto à sede dos “Montanheiros” na habitual roda-viva das inscrições, seguindo então a caravana até ao Pico da Bagacina, o local escolhido estrategicamente pela sua posição geográfica, para o reagrupamento final, onde muitos dos veteranos já aguardavam.

As enumeras viaturas estacionadas nas bermas, e os mais de cento e cinquenta participantes, davam um colorido diferente ao local neste final de Inverno, fazendo lembrar as tradicionais concentrações na época das touradas nesta zona, ao longo da primavera e do Verão.

De salientar, a elevada participação de caloiros nestas andanças, em numero muito apreciável, o que diz bem da curiosidade e do impacto crescente desta actividade, não esquecendo os fieis veteranos que, ano após ano e passeio após passeio, não deixam de marcar presença nestes eventos.

Depois, a caravana seguiu o seu trajecto até ao local que marcava o início do percurso, onde o eleito para o início das caminhadas foi a Rocha do Chambre, um itinerário com uma extensão entre os oito e nove quilómetros, de fácil deslocamento, onde para além do encanto da dita Rocha, proporciona aos participantes uma paisagem muito rica e diversificada, bem como uma componente histórica relacionada com a erupção de 1761.

A erupção de 1761

Após o briefing de apresentação do percurso, onde foram mencionados todos os cuidados com a segurança e igualmente com o meio ambiente, no sentido de a caminhada ter o menor impacto possível no mesmo, especialmente dirigida aos novatos, iniciou-se então o deslocamento pela zona da Malha Grande, até ao que resta do Pico do Fogo, em função da extracção de bagacina a que foi sujeito durante algum tempo, e do aproveitamento que daí adveio para a prática de desportos motorizados.
O Pico do Fogo é o local onde se deu a segunda erupção de 1761, quatro dias depois da primeira, que aconteceu na zona dos Mi
stérios Negros, entre o Pico Gordo e a Serra de Santa Bárbara.
A segunda erupção, deu então origem ao Pico do Fogo
, Pico Vermelho e Pico das Caldeirinhas, desenvolvendo-se também segundo os relatos da época, em três correntes de lava, a primeira rumo a oriente, com paragem num local designado de Chama, a segunda dirigiu-se para Ocidente, lançando uma propagação para Norte até ao Tamujal, e a terceira a superior, deslocou-se para Norte, dividindo-se posteriormente em duas, uma das quais estagnou no Vimeiro e a outra foi dar ao Juncalinho, chegando mesmo a invadir os Biscoitos e a destruir algumas casas.
Posteriormente, o grupo pôs-se em movimento por um trilho largo ladeado por extensa rapa rasteira, penetrando depois num pasto, que foi dar a uma canada ampla e bem definida, antes de se deter posteriormente numa viragem à esquerda para reagrupar, para iniciar então a longa subida até à criação do Chambre e ao marco geodésico, o ponto mais alto da Rocha do Chambre, que dá pelo nome de Juncal.
Aí claro está, foi uma paragem obrigatória não só para que o extenso grupo pudesse reagrupar, mas também para algumas explicações históricas sobre o local, e sobretudo na tentativa de se conseguir observar todo o riquíssimo património natural, desde as áreas protegidas da Serra de Santa Bárbara, e do Biscoito da Ferraria, passando pela Serra do Labaçal onde está inserido o belo Morro Assombrado, o Biscoito Rachado e os Picos Agudo, Alto, do Tamujo das Pardelas, e a Terra Brava, mas a neblina que teimosamente persistiu, nomeadamente nesta zona mais alta não permitiu que se visse toda esta beleza, se bem que a espaços a mesma permitia algumas abertas que sempre deu para vislumbrar alguma coisa.

Em virtude da fraca visibilidade e da brisa fresca que se fazia sentir nesta zona alta, a paragem foi a mais curta possível e poucos minutos depois, grupo fez-se novamente à vida, pelo pasto passando por uma descida quase a pique, antes de se deter para o merecido almoço, tendo como pano de fundo principalmente, a imponente Rocha do Chambre e o vasto Biscoito da Ferraria, erguendo-se mais à frente, a Serra do Labaçal.
Seguidamente, a coluna encetou de novo a caminhada, ao longo da berma do Chambre, onde através de algumas janelas, era possível ver uma vez mais, o Biscoito da Ferraria e a Rocha, por entre criptomérias altas.

Prosseguindo pelo caminho do Narião, até à cova com o mesmo nome, um local lindíssimo que por altura das primeiras chuvas, forma um pequeno Lago aos pés das árvores.
A recta final do passeio, desenrolou-se no bordo do derrame de 1761, que levou os participantes até às viaturas, por entre um cascalho irregular, que obrigava a alguns cuidados a ter, principalmente com as entorses, o que felizmente correu da melhor forma, pese o grande número de participantes na sua maioria com pouca experiência.

Uma nota final, para os melhoramentos que estão a ser efectuados, levados a cabo pela Câmara Municipal da Praia da Vitória neste percurso no sentido de inclui-lo nos seus roteiros, os mesmos são positivos principalmente para garantir uma maior segurança aos pedestrianistas todavia, a cor da corda, presa com pregos nas árvores, não só tem um impacto fora do contexto do meio ambiente, como também não será uma boa prática corrente a seguir.

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